ATA DA QUARTA SESSÃO
EXTRAORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 24.06.1998.
Aos vinte e quatro
dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no
Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às dezoito horas e cinqüenta e um minutos foi efetuada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Clovis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa,
Hélio Corbellini, Henrique Fontana, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta,
Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Pedro Américo
Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Cyro Martini, Gilberto Batista,
Jocelin Azambuja e Nede Soares. Constatada a existência de "quorum",
o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram: em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 19/98,
discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Clovis Ilgenfritz; os Projetos de
Lei do Legislativo nºs 79 e 90/98. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Reginaldo Pujol reportou-se ao Projeto de Lei do Executivo nº 19/98, referente
à concessão de gratificação de incentivo técnico para funcionários detentores
de cargos para cujo provimento seja exigida formação universitária ou
habilitação legal equivalente, analisando a tramitação a ser seguida por este
Projeto e a possibilidade de convocação extraordinária da Casa para votação do
mesmo. Às dezenove horas e treze minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Juarez
Pinheiro. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim
e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
3ª SESSÃO
PROC.
2036/98 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 019/98, que altera dispositivos e inclui
parágrafo único aos artigos 3º e 6º da Lei nº 7690, de 31 de outubro de 1995,
que institui gratificação de incentivo técnico aos funcionários detentores de
cargos para cujo provimento seja exigida formação universitária ou habilitação
legal equivalente na Administração Centralizada e Autárquica do Município e dá
outras providências.
PROC.
1690/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 079/98, de autoria do Ver. Luiz Braz, que
altera o artigo 42 da Lei nº 7234, de 19 de janeiro de 1993, com alterações da
Lei nº 7957, de 8 de janeiro de 1997, que define normas para a regulamentação
da propaganda ao ar livre no Município de Porto Alegre e dá outras
providências.
PROC. 1900/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 090/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Irmãos Maristas um logradouro irregular localizado no Bairro Rubem Berta.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, cumpre
o terceiro momento de Pauta, o Projeto de Lei que ingressou na Casa no dia 23
de junho de 1998. Faltam três minutos para as sete horas e em quarenta minutos
nós fizemos esse milagre de dar condição, e até se for o caso, de votar na
sexta-feira este Projeto de Lei. Provavelmente na sexta-feira tenha um
Requerimento pedindo urgência para essa matéria.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Reginaldo Pujol, o eminente Ver. Juarez Pinheiro já
diligenciou o Pedido de Urgência.
Gostaria que o Prefeito de
Porto Alegre tivesse a mesma urgência com a totalidade dos servidores
municipais que estão, também, muito necessitados.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço o aparte do ilustre Ver. João
Dib.
O
meu pronunciamento, agora, pretensiosamente, é para ser guardado nos Anais da
Casa, porque a maioria dos Vereadores até já se retirou, com toda a razão, pois
estamos aqui desde às 14 horas da tarde. Fizemos esse esforço espetacular para
viabilizar que se vote sexta-feira, vejam bem, este Projeto de Lei que altera
dispositivos e inclui parágrafos no art. 3º e 6º da Lei nº 7690 de 31/12/95 que
“institui gratificações de incentivo técnico aos funcionários detentores de
cargo para cujos provimentos seja exigida a formação universitária ou
habilitação legal correspondente, equivalente na administração centralizada e
autárquica no Município e dá outras providências”.
Esse
Projeto que aqui passa hoje altera o art. 1º, que passa a ter a segunda
redação: “aos funcionários detentores de cargos para cujo provimento seja
exigida a formação universitária ou habilitação legal equivalente, dos quadros
da administração centralizada, autárquica e fundacional, é atribuído o título
de produtividade, uma gratificação de incentivo técnico”.
O
que é que muda, Sr. Presidente? Na Lei que hoje vigora o que é que constava?
Constava mais ou menos a mesma coisa, mas com um acréscimo que dizia que aos
funcionários com formação universitária, etc. e tal, convocados para regime
especial e de trabalho é atribuído o título de produtividade ou a gratificação
de incentivo técnico.
Então,
agora se retira esse “convocados” para atender uma necessidade que, segundo
consta, eu não posso me manifestar. Não sabia que os senhores médicos do Pronto
Socorro iriam fazer uma visita à Casa no dia de hoje. Eu tinha outro
compromisso; é a primeira quarta-feira, neste mês, que eu posso atender esse
outro compromisso, porque nas outras eu estava comprometido com as reuniões que
se realizaram todas as quartas-feiras, pela manhã, relativamente ao Plano
Diretor.
As
reuniões da Mesa, normalmente, se fazem nas quintas-feiras e, nesta semana, se
anteciparam para quarta-feira. Então, eu não sabia e não tinha por que estar
aqui, agora, na Casa. Sei, porque ouvi de outros Vereadores que se trata de uma
forma, de uma mecânica, de colocar um dinheirinho a mais no bolso dos médicos
do Hospital Pronto Socorro. Medida que não tenho nada contra, acho que eles
devem ser remunerados de acordo com a importância do trabalho que realizam na
Cidade de Porto Alegre.
Mas
eu não posso deixar, Sr. Presidente, de assinalar algumas situações que
precisam ficar muito bem gizadas, sublinhadas para que dúvida não se tenha.
Este Legislativo está aqui, mais uma vez, fazendo algo que é recorde em
qualquer parlamento brasileiro. Em menos de 48 horas, está viabilizando uma
solução para um problema que não criou: a inequívoca má remuneração dos servidores
públicos municipais. Apesar de os gestores do Município terem alardeado,
amplamente, que aqui no Município de Porto Alegre se tinha a melhor política
salarial de todo o País, o que nós ouvimos e sentimos são reclamações de toda
ordem.
Agora
o Legislativo está dando socorro ao Executivo, e é de um risco absoluto nós
estarmos fazendo isso em tão curto espaço de tempo. E estamos fazendo por quê?
Correndo todos esses riscos nós estamos abrindo essa possibilidade. Não se diga
amanhã que o Legislativo de Porto Alegre não contribui com o Executivo para
resolver os seus problemas. Maior prova do que essa não existe. Nós fizemos uma
mágica: em menos de uma hora, corremos três Pautas e estamos dando condições
para ser votado, na segunda-feira, um projeto de lei que entrou ontem aqui no
Legislativo. Se isso não é boa vontade, se isso não é responsabilidade para com
a coisa pública nesta Cidade, eu não sei como é que nós podemos chamar.
Eu
queria que o pessoal do SIMPA, que está toda a hora aqui, estivesse aqui agora
para ver o que está acontecendo. É um pedacinho da correção das injustiças com
os servidores municipais. Nós aqui estamos, às sete horas da noite, fazendo a
mágica de conseguir, nesse tempo recorde, com todo o risco, viabilizar esta
matéria na sexta ou na segunda-feira. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, cumpre
a este Vereador fazer um esforço para diminuir a aparente ira do Ver. Reginaldo
Pujol, que não está bem informado.
O Sr. Reginaldo Pujol: Não apoiado!
O SR. CLOVIS ILGLENFRITZ: V. Exa. não é obrigado a saber tudo, mas
precisaria, antes de dizer o que disse, informar-se melhor para que não se crie
uma injustiça. É um processo que pode ser até meio ofensivo para quem está
informado, porque a população que está nos ouvindo pode pensar que estamos
todos errados, que o único certo é o Ver. Reginaldo Pujol. Com todo o respeito,
V. Exa. não está sabendo que houve uma reunião e que estes assuntos foram
acordados: uma vez que estamos em final da legislatura, haverá o recesso e será
muito ruim deixar isto para agosto.
Por
isto, a Prefeitura está fazendo um esforço e nós estamos juntos. A Câmara,
administrando, sendo chamada a um esforço que foi feito urgentemente pela
Prefeitura, e urgentemente pelo Legislativo para atender uma questão que é
absolutamente transparente, e que busca corrigir uma falha da legislação
anterior. Senão, como vamos fazer as coisas?
Se
não houver acordo, V. Exa. pode-se responsabilizar por deixar isto para depois
do processo eleitoral, porque depois a lei vai proibir que se faça este tipo de
projeto.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Clovis Ilgenfritz, V. Exa. coloca muito bem, há o
período eleitoral e é estranho que, cinco dias antes deste período, o Prefeito
se preocupe. Não é só o Ver. Reginaldo Pujol que está inconformado, eu também
manifestei a minha inconformidade. Gostaria que o Prefeito tivesse a mesma
agilidade com os demais servidores municipais.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Ver. João Dib, as coisas não são feitas
quando a gente quer, mas quando a gente pode. E a Prefeitura encaminhou isto,
diligentemente, transparentemente, negociando com todos os setores, e
legalmente. O que há de diferente é que a lei atual não permite que se dê o
incentivo de produtividade, que já foi dado a todos os funcionários do setor
técnico-científico, àqueles que trabalham no regime de 30 horas, porque só pode
dar para aqueles que trabalham no regime de 40 horas. E V. Exa. sabe, e nós
todos sabemos, que esta é uma falha que tinha que ser corrigida. Ela está sendo
corrigida, não há nenhum interesse de processo eleitoral. O que não pode haver
é a gente criar uma celeuma em cima de uma questão que é transparente, sem
nenhum processo subjacente.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Exatamente sobre essa fração daqueles que não trabalham em regime
de 30 horas é que V. Exa. tem o meu consentimento e a minha aprovação. Aí estão
arrolados os médicos do Pronto Socorro que trabalham 24 horas e depois dão mais
06 horas e ganham R$ 1.300,00. Isso não é possível, pois ganham menos do que as
enfermeiras! Onde se viu um médico, linha de frente, num hospital de combate
como é o Pronto Socorro, aonde chegam os casos mais difíceis do Estado, receber
R$ 1.300,00? Nós estamos aqui por causa disso.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Clovis Ilgenfritz, V. Exa. já frisou que essa gratificação é
para todos os servidores que tenham nível superior, mas que por um motivo ou
outro não possam cumprir a carga horária de 40 horas.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Na condição de Vereador da Bancada do
Governo, eu apenas quis fazer justiça e pedir vênia ao Ver. Reginaldo Pujol
que, inflamadamente, no seu discurso estava interpretando de forma precipitada,
no meu ponto de vista, um assunto que é de controle absoluto de todos os
setores da Administração e da própria Câmara.
Eu
também queria dizer que nós, quando falamos em período eleitoral, nos referimos
aos prazos da Lei Eleitoral para as questões administrativas - nada mais -, e
nisso o Ver. João Dib concorda conosco.
Espero
que possamos cumprir essa Pauta na sexta-feira e na segunda-feira e, se
preciso, vamos fazer Sessões Extraordinárias, porque nós estamos aqui para
trabalhar e cumprir com aquilo que povo de Porto Alegre tanto necessita e
merece. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
Bancada do PFL, integralmente presente na Casa nesta hora, não se sente
atingida pelas colocações que foram feitas da tribuna pelo ilustre Ver. Clovis
Ilgenfritz, porque temos plena consciência do que estamos fazendo e dos riscos
que estamos correndo, pois são riscos calculados, que fizemos, como disse o
Ver. Pedro Américo Leal, numa homenagem aos médicos do Hospital de Pronto
Socorro, entre outros. E agora a seis dias do prazo legal, às pressas, em um
complexo de culpa, absolutamente transparente, visível, o Sr. Prefeito
Municipal, no apagar das luzes, manda um fax aqui para a Casa e diz: “Façam um
milagre, ajudem-me a corrigir uma injustiça que eu estou praticando por um
tempo ilimitado, desde o momento em que eu, Prefeito, junto com o meu governo,
institui equivocadamente essa Gratificação de Incentivo Técnico e excluí os
médicos do Pronto Socorro”. Quem está corrigindo um erro? O Governo do
Município. E quem está possibilitando que esse erro seja corrigido, em
homenagem aos trabalhadores da área médica do Hospital Pronto Socorro, somos
nós os Vereadores, nós da Câmara Municipal, a oposição ao governo do Sr. Raul
Pont e ao PT, que, aliás, a esta altura não está aqui nos ouvindo. Eu estou
falando para os Vereadores que me honram com a audiência nesta hora, e são
poucos. E a esses Vereadores eu digo: nós estamos cumprindo com a nossa
responsabilidade além dos limites que pudessem nos ser exigidos. Estamos
efetivamente correndo um risco, porque pode até nisso tudo - que parece ser o
reconhecimento público dos erros da política salarial do Governo Municipal -
estar inserida uma armadilha. E nós estamos correndo um risco enfrentando tudo
isso, com a nossa responsabilidade, pois estamos aqui, às 19h15min, na 4ª
Sessão Extraordinária que a Casa realiza neste dia, instrumentalizando a
correção dessa “mea culpa” do PT para com os médicos do Pronto Socorro.
Então,
Sr. Presidente, eu quero em nome do PFL dizer que a nós, da oposição, como de
resto os demais companheiros do PPB, não nos atemorizam com essa idéia de que
se for preciso vão fazer uma convocação extraordinária. Que o façam. Assumam a
responsabilidade, convoquem esta Câmara extraordinariamente. Se pensam que com
isso vão constranger alguém, se equivocam. Convocado, eu estarei aqui presente,
como presente estou todos os dias, às vezes até sem condições de saúde. Não
faço nada de especial nisso, é o meu compromisso com a população, com aqueles
que me elegeram e é da marca da atuação do Partido ao qual eu pertenço.
Por
isso, Sr. Presidente, não se diga por ser injusto, não se fale por ser
inverdade, não se proclame por não corresponder com a veracidade dos fatos, que
o PT não faz melhor pelos servidores do Município - especialmente pelos médicos
do Pronto Socorro - por falta dos Vereadores que integram esse Legislativo. Se
até agora se tardou, se somente agora, na véspera das eleições, veio trazer
solução, não é por culpa nossa, e mesmo nós não tendo sido responsáveis por
esses erros, nós estamos aqui, presentes, presentes como estaremos amanhã,
presentes em favor dos servidores, em favor da Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 19h13min.)
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